150 anos da Igreja Presbiteriana do Brasil
Basta uma simples busca no Google (portal de pesquisa bastante utilizado mundialmente) para perceber que um dos grandes eventos históricos de 1859 no Brasil é a chegada do rev. Ashbel Green Simonton na manhã de 12 de agosto. O jovem missionário, de 26 anos, chegava a um país grandioso, imperial, reinado por dom Pedro II. "É um lugar lindo, o mais singular e radiante que jamais vi (...) estou pronto para desembarcar", relatou o pastor em seu diário.
O rev. Ashbel, ordenado pastor há poucos meses, chegou à capital do império, na época o Rio de Janeiro, vindo de Baltimore, Estados Unidos. Foram quase dois meses de viagem até o início da realização do seu plano de servir a Deus em solo brasileiro.
O belo Brasil, descrito por Simonton, possuía seu lado obscuro. Naquele ano, homens, mulheres e crianças de pele negra ainda eram obrigados a trabalhar para grandes senhores. O país atravessava uma crise em relação à saúde pública. Doenças como tuberculose (considerada o mal do século 19) e febre amarela causavam transtornos e sérias preocupações, mesmo após a superação de uma epidemia de cólera.
Porém, alguns fatores contribuíram, de certa maneira, para a chegada de Simonton ao Brasil, como o processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro e o anseio por reformas mais profundas na sociedade, fruto dos ideais iluministas da época. Sabe-se que muitos protestantes já haviam pisado em solo brasileiro, contudo, as te ntativas foram fracassadas, já que a coroa portuguesa não via com bons olhos a presença de protestantes em sua maior colônia, oficialmente católica.
Em 1859 Simonton encontrou uma terra que já desfrutava de certa liberdade religiosa e aceitava a presença de protestantes em seu solo. À entrada do Rio de Janeiro pôde avistar o Pão de Açúcar e o Corcovado. "Sentiria dificuldade em descrever a emoção que tomou conta de mim ao ver aqueles picos altaneiros dos quais tenho ouvi do falar e lido tantas vezes, os quais me dizem que a viagem terminou e cheguei ao meu novo lar e
campo de trabalho", resumiu o pastor.
Em seu diário, o missionário mal conseguiu descrever suas sensações perante o desejo de desembarcar no Rio de Janeiro. Estava feliz e, ao mesmo tempo, sentia temor perante o tamanho de sua responsabilidade. Apesar de não falar o idioma português, o pastor logo iniciou seus trabalhos e fez seus primeiros contatos com estrangeiros.
Até a data de seu falecimento, em 1867, o missionário presenciou fatos importantes da época, tais como o lançamento do primeiro periódico protestante do Brasil - a Imprensa Evangélica, a organização do Presbitério do Rio de Janeiro, e a criação de um seminário teológico.
De 12 de agosto de 1859 a 12 de agosto de 2009, muito se pode dizer a respeito da IPB. A instituição se expandiu, cresceu e consolidou suas bases no Brasil. Hoje traz à memória sua trajetória de vida e reflete a respeito do tamanho da responsabilidade de expandir o reino de Deus pela propagação do evangelho - a mesma descrita por Simonton há 150 anos - e dar continuidade à missão traçada por seus pioneiros.
Texto: Caroline Santana Pereira (Rede Presbiteriana de Comunicação- Portal IPB)
Material Consultado:
MATOS, Alderi Souza (org). O Diário de Simonton. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002
________________________Os pioneiros presbiterianos do Brasil. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004