domingo, 31 de outubro de 2010

493 anos da Reforma Protestante

Reforma Protestante

Hoje é dia 31 de Outubro, o dia em que comemoramos 493 anos da reforma protestante. Mas o que foi a reforma? No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da Catedral em Wittenberg 95 teses contra as indulgências. Aquele ato repercutiu por toda a Alemanha chamando a atenção da Igreja Romana. A intenção de Lutero era discutir com os teólogos católicos, que versavam principalmente sobre penitência, indulgências e a salvação pela fé.

Esta data é considerada o início da reforma, porém não podemos ser ingênuos e pensar que a reforma protestante se deu apenas por um ato isolado. A reforma protestante se deu num contexto histórico, político, social e religioso. Antes mesmo de Lutero, encontramos nas páginas da história a vida de João Wycliff, que lutou contra o papado na Inglaterra em 1375. Wycliff denunciou toda a organização clerical, sustentando a tese de que não deveria haver distinções de classes dentro do clero. Indo além, chegou a negar a doutrina da religião medieval – a da transubstanciação (o pão e o vinho literalmente tornam-se o corpo e sangue de Jesus). Também declarou que a Bíblia é a única regra de fé e prática.

Não podemos deixar de citar João Huss (1373-1415), que declarou que o papa só poderia ser obedecido na medida em que suas ordens coincidissem com as escrituras. Por sua coragem e fidelidade a Cristo, e desprezando a liberdade que lhe oferecia em troca do abandono dos seus princípios (além das falsas acusações), foi condenado a fogueira, em Constança, onde sofreu martírio.

Havia um anseio por uma reforma na igreja medieval, e muitos outros lutaram para que essa reforma ocorresse dentro da igreja, e não que houvesse um rompimento. Porém, a data que temos como o marco da reforma protestante foi quando Lutero afixou as 95 teses. Nesse momento a Alemanha se dividiu em estados reformados e romanos. Na Dieta de Espira em 1529, os católicos decidiram proibir qualquer ensino luterano nos estados de dominação católica, mas que deveriam ensinar livremente suas doutrinas nos estados luteranos. Os príncipes luteranos protestaram contra essa decisão. Desde esse tempo ficaram conhecidos como protestantes, como também as doutrinas que defendiam.

Os reformadores protestantes estabeleceram o que seria conhecido como as “Cinco Solas”, também conhecido como os cinco pilares da reforma. São eles:

Sola scriptura (somente a escritura) – A escritura sagrada, e apenas ela é a Palavra de Deus. É nosso manual de fé e prática. A fé cristã é uma fé para ser exercida aqui e agora, e não no futuro.

Sola gratia (somente a graça) Graça é o favor imerecido de Deus. O apóstolo Paulo afirma em Efésios 2.8,9 - 8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie. Fomos salvos por Deus não por nossos méritos, mas pela imensa bondade e amor de Deus, para anunciarmos a Sua salvação a todos os povos.

Sola fide (somente a fé) – Romanos 1:17 O justo viverá pela fé. A salvação do ser humano é por meio da fé em Jesus Cristo e não das boas obras que praticamos. As obras não têm o poder de nos salvar, porém as obras são o resultado de nossa intimidade com o autor da nossa fé. O sacrifício de Jesus Cristo foi suficiente para a nossa salvação.

Solus Christus (somente a Cristo) – Jesus afirmou: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14:6. A reforma restabeleceu o princípio da supremacia de Cristo, pois Jesus é o único mediador entre Deus e o ser humano. O acesso a Deus é única e exclusivamente por meio de Jesus Cristo.

Soli Deo Gloria (somente a Deus a Glória) Romanos 11.36: Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Deus, e não o ser humano é o centro do universo. A Deus toda a glória nos céus, na terra, acima dos céus e abaixo da terra.

Hoje, 493 anos depois, faz-se necessário atender ao mesmo desafio dos reformadores, de voltar às escrituras sagradas, pois ela, e somente ela, ajusta o foco da nossa visão de mundo, de vida e de Deus.

Para sermos uma igreja reformada devemos ter na Bíblia o nosso livro de fé e prática. Não apenas de fé, mas fé e prática. A fé cristã não é para ser intelectualizada, mas vivida no dia a dia das pessoas. Uma fé comunitária que não se preocupa apenas com a realidade interna da igreja, mas fundamentalmente com sua realidade externa. Pois a nossa missão é contribuir para uma sociedade mais justa.

Um mundo marcado pela justiça e pela igualdade social é o desejo manifesto em várias partes da Bíblia. No texto sagrado, encontramos uma preocupação constante com a construção de um mundo que seja um lugar bom e agradável para se viver. Está ali registrado o desejo de Deus de restaurar o mundo bom e justo criado sob seu governo.

Que possamos comemorar os 493 anos da reforma, e quem sabe começar a contar desde agora o início de uma reforma em nossas vidas.

Salmos 67.1,2

1 Seja Deus gracioso para conosco, e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o rosto;2 para que se conheça na terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação.

Wagner Gloria

Reprodução de texto do Blog da Igreja Presbiteriana de Campinas


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