TEMPO DE MUDANÇAS
Amados irmão, hoje é o último domingo de 2010, e acredito que é momento propício para uma bela reflexão de nossas vidas. Não penso que devemos refletir simplesmente porque tradicionalmente fazemos isto ao final de cada ano, mas porque, de fato, vivemos um momento único em nossa sociedade.
Passamos por uma fase em que o mundo vive em uma crise de identidade, onde a sociedade cai de joelhos aplaudindo o curso de um mundo envolto à ausência de valores, de moral e de bons costumes. Mais que isto, olhando para frente, enxergo o homem correndo a passos largos para uma total inversão de valores, onde defender o que é correto, decente e honesto é sinônimo de falso moralismo ou hipocrisia. Agem como se optar pelo que é bíblico, justo e moral dependesse de uma credencial de perfeição. Lembro-me das palavras de Rui Barbosa, ditas em 1914, quando declarou no Senado Federal quase que profeticamente o que vivemos hoje: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86).
Também passamos por um momento de violência desmedida, especialmente em nossa cidade, mais especificamente em nossa região. Violência que cresce com o apoio velado desta mesma sociedade que a condena. A mesma sociedade que põe em xeque valores consolidados e comprovadamente saudáveis, financia a violência consumindo o seu maior combustível, que são as drogas. Na mídia, por exemplo, os mesmos atores ou famosos (que muitos crentes dedicam devoção ao ficarem horas e horas admirando-os) que fazem campanhas na televisão contra as drogas, são grandes consumidores delas. Então eu pergunto: quem é na verdade hipócrita?
Acredito que o momento em que vivemos é único porque nunca, nós evangélicos, fomos tão diferenciados da nossa verdadeira identidade quanto agora. No início do meu ministério eu escrevi uma pastoral que questionava se não precisamos de uma nova reforma. Hoje eu tenho convicção que este tempo está passando. A cada dia nasce uma nova igreja dita evangélica que irá pregar de tudo, menos o evangelho genuíno. Há um crescimento real de novos evangélicos que irão viver um evangelho doentio, ou que se aproximam deste evangelho pregado justamente porque ele não passa pela CRUZ.
Por último, penso que este momento é único porque muitos vivem uma vida cristã de aparência. Desconsiderando os crentes nominais, alguns crentes perderam o foco da nossa maior missão como igreja, e confundem presença em programações (e não estou dizendo que isto não é importante) com evangelização. Outros simplesmente estão convivendo com uma frieza espiritual gigantesca, e preferem culpar a igreja ou alguma pessoa por isso, ao invés de buscar uma profunda experiência diária com o Espírito Santo a fim de preenchê-las, orientá-las e usá-las. Outras estão deliberadamente envoltas em pecado, e não fazem nada para mudar esta situação. Sempre achando uma desculpa para seus atos, como se alguma coisa pudesse justificar a prática de pecados, muitas vezes, infelizmente, encontram apoio em outros crentes que em coro afirmam: “Vá em frente, não tem jeito mesmo. Você já está errado(a), depois você se conserta.” São por estas razões que eu afirmo que é momento de reflexão e mudança. O Senhor nos concede a todo instante oportunidades de melhorarmos diante dele. Neste caso, não existe a chance de se perder a oportunidade por ela já haver passado. Enquanto tivermos vida, temos possibilidade de mudarmos, e se for para melhor, não perca tempo! Esse é o tempo, hoje é o dia de nos posicionarmos em favor do justo e honesto, de darmos resposta à hipocrisia da sociedade e soluções à violência, de iniciarmos uma nova Reforma e de termos experiências com Deus. Que Deus nos abençoe!
Pr. Celso Falleiro
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